5 livros para se apaixonar pela vida mais uma vez

Eu às vezes perco a magia da vida e aposto que você também. Fico murchinha, “olho pedra e vejo pedra mesmo”, olho Adélia e vejo Adélia, olho árvore e vejo sujeira, recebo uma mensagem de amor e fico assim:

Sabe, acontece. Mas a magia, ainda bem, ela volta. Alguma coisa em algum lugar vai encostar no botão certo e devolver aquele senso de alívio, completude e esperança mais uma vez, eu prometo. 

Hoje vim deixar alguns caminhos. 5 livros para se apaixonar, se inspirar, se emocionar, respirar tranquilo e reencontrar alguma magia. 

A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery

Eu não sei nem mais dizer quantos exemplares eu já comprei desse livro. Comprei um pra mim e depois um pra cada pessoa que eu fiz QUESTÃO que lesse. 

É uma história de como se cruzam as vidas de uma adolescente com tendências suicidas, um homem apreciador das artes e a zeladora do prédio em que eles moram. É uma história de como eles salvam uns aos outros por enfim se enxergarem por inteiro. 

À primeira vista, não se nota grande movimento no número 7 da Rue de Grenelle: o endereço é chique, e os moradores são gente rica e tradicional. Para ingressar no prédio e poder conhecer seus personagens, com suas manias e segredos, será preciso infiltrar um agente ou uma agente ou – por que não? – duas agentes. É justamente o que faz Muriel Barbery em A elegância do ouriço, seu segundo romance. Para começar, dando voz a Renée, que parece ser a zeladora por excelência: baixota, ranzinza e sempre pronta a bater a porta na cara de alguém. Na verdade, uma observadora refinada, ora terna, ora ácida, e um personagem complexo, que apaga as pegadas para que ninguém adivinhe o que guarda na toca: um amor extremado às letras e às artes, sem as nódoas de classe e de esnobismo que mancham o perfil dos seus muitos patrões. 

Em algum lugar nas estrelas, de Clare Vanderpool

Só essa capa já te devolve alguma coisa bonita. E a história é simples, pura, doce, enquanto aborda temas profundos de luto, amizade e pertencimento.

Livros são ótimos companheiros de viagem. Alguns conseguem ir além e se transformam em companhias para a vida inteira. Como os amigos que fazemos na juventude que, aconteça o que acontecer, vão estar para sempre do nosso lado.É o caso de EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS, da autora norte-americana Clare Vanderpool. Um romance intenso sobre a difícil arte de crescer em um mundo que nem sempre parece satisfeito com a nossa presença.

Sede de me beber inteira, de Liana Ferraz

O livro “Sede de me beber inteira” de Liana Ferraz abre muitas portas dentro da gente. São textos curtos que reverberam para a vida inteira. O meu está todo coloridinho com as marcações de “nunca esquecer”.

Beber-se inteira: o que parece ideia inusitada vira algo natural como a sede na poesia de Liana Ferraz. Entre os jogos de palavras que lhe renderam fãs nas redes sociais e reflexões francas sobre amor-próprio e autodescoberta, a poesia circula, crescendo, caudalosa. E inspira uma nascente no coração de quem lê: um córrego em cujas margens recordamos as mulheres que nos trouxeram ao mundo, as mulheres que nos sucederão, as mulheres que somos.

O desejo dos outros, de Hanna Limulja

Sonhos, de um modo geral, é um assunto que me fascina. Adoro estudar as perspectivas de Jung e Freud, adoro tentar me lembrar e analisar os meus próprios sonhos. “O desejo dos outros” não é um livro de ficção e faz um mergulho no significado dos sonhos para os Yanomami. É um respiro em outros mundos. 

Em O desejo dos outros, Hanna Limulja oferece uma porta de entrada ao mundo yanomami através dos seus sonhos. Com o que sonham? O que significa sonhar e por que é importante? Entre os Yanomami, os sonhos não são desejos inconscientes do sujeito, como descreve a psicanálise: sonhar é habitar outros mundos, deparar com outros seres e, nesses encontros, mobilizar-se pelo desejo dos outros.

A poem for every night of the year de Allie Esiri

As antologias organizadas por Allie Esiri são de ler sonhando. Por enquanto, ainda não existe uma versão traduzida para o português, mas tenho descoberto que é um ótimo material para estudar a língua inglesa, um pouquinho todo dia. A sensação de ir desvendando cada texto pouco a pouco (até porque alguns têm um vocabulário bem distante da língua moderna) é especial, e é um pequeno prazer que falantes nativos jamais terão. 

Bônus

Abaixo deixo mais alguns títulos que, em mim, também acenderam partes bonitas: 

  • Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa
  • Canto eu e a montanha dança de Irene Solà 
  • Anne de Green Gables por Lucy Maud Montgomery
  • Primeiro eu tive que morrer de Lorena Portela
  • A cabeça do santo de Socorro Acioli
  • Poeta chileno de Alejandro Zambra
  • Someone who will love you in all your damaged glory de Raphael Bob-Waksberg
  • Tudo sobre o amor de Bell Hooks

 

Participar de um Clube do Livro também pode ser um ótimo caminho para acender aquela faísca. E às vezes ela nem vem do livro em si – ela vem do encontro. Aqui no Escrita Matinal, nos encontramos mensalmente para conversar sobre livros escritos por mulheres, inclusive entre as mulheres que os escreveram. Fica o convite.

Bem, por hoje é isso.

Espero que muito em breve

você olhe pedra

e veja magia. 

Com amor, 

Re