Como fazer novos amigos depois de adulto? Eu não sei, mas desconfio.

Quando a gente é pequeno, toda a nossa família se volta para a gente por ternura. E aí damos os primeiros passos em sociedade na escola: um ambiente criado para que pessoas da mesma idade possam interagir, brincar e fazer amigos. É a nossa turma contra o mundo. 

Aulas de ballet, de vôlei, aulas de inglês ou de música. Todos lugares em que se reúnem pessoas com interesses em comum, lado a lado.

Crescemos nesse ambiente. Nos desenvolvemos, mudamos, encontramos nossos caminhos. 

E aí a gente chega no pior parquinho de todos: o mercado de trabalho. 

Nossos amigos da escola já nem sempre combinam mais com quem nos tornamos adultos. E nossos colegas de trabalho nem sempre são nossos amigos. 

Você já parou para pensar nisso? Como passamos grande parte dos nossos anos de desenvolvimento em ambientes favoráveis para as amizades se formarem e de repente temos que terminar de amadurecer em ambientes competitivos, hierárquicos? 

Não é à toa que muitos adultos se queixam de se sentirem sozinhos. As relações se tornam muito mais complexas, muito mais confusas e cheias de nuances. 

Nosso tempo é mais escasso. Criamos mais resistência. Demoramos mais para nos abrir para alguém novo, dá até preguiça. E medo. Medo e preguiça. E desinteresse. Eu sou culpada disso cada vez que alguém abre o microfone em reunião de trabalho pra contar amenidades da vida pessoal e eu viro aquele emoji com a cara derretendo. 🫠

Onde vivem os potenciais amigos que têm interesses em comum, a mesma vibe? A vibe importa demais. Tem um lugar onde a gente pode chegar, cutucar alguém no ombro e convidar para brincar?

O que tenho percebido, é que esses lugares existem às vezes meio escondidos. Existem grupos de pessoas com interesses em comum se formando em vários cantos, a gente só precisa chegar até lá. Por indicação, por sorte ou por incansável pesquisa no Google (espero que você tenha nos encontrado). 

Por aqui, no Escrita Matinal, temos algo especial. Fui aluna antes de ser equipe. Inclusive, sou equipe porque fui muito aluna. O que existe aqui é lindo e é raro. Pessoas de 20 a 80 anos se abrindo, trocando, dividindo um mesmo espaço, dividindo sonhos, dores, histórias, descobertas e um amor em comum: a palavra. 

Paro por aqui porque fico molenguinha demais. 

Mas fica o convite para conhecer o projeto. Eu não sei como se faz amizade na vida adulta (e nem me arrisco no clickbait). O que eu sei é que aqui tem um caminho. Vários. 

Sua amiga, 

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