Foto Maria Dinat
O mundo está em crise, você já deve ter ouvido falar. Todos os dias são dadas notícias devastadoras, perspectivas de futuro desfavoráveis e novos termos que vão ganhando espaço para dar conta do que estamos vivendo. “Permacrise” foi a palavra do ano para o Collins Dictionary em 2022, marcando um período extenso de instabilidade e insegurança: se está ruim, saiba que a tendência é piorar.
Como se não bastasse o declínio coletivo, as nossas vidas individuais continuam seguindo seu fluxo de altos e baixos e os nossos problemas não ficam menores porque existem outros problemas de grande escala. Se alguma coisa, eles ficam é maiores. Sobrecarga.
Em tempos assim, pode parecer que sentar em inspiração para escrever uma poesia é bobo, ou até mesmo impossível. Que ir a um show, ler um livro ou ao cinema é perda de tempo. Que falar sobre árvores e bolhas e nuvens e amor é de mau gosto. Por aqui, com frequência entro nesses impasses e me pergunto se a arte em tempos de crise é egoísta.
A conclusão que chego é sempre a mesma: o caso é o completo oposto.
A arte é uma das ferramentas mais poderosas para resgatar não só quem produz, mas também quem consome. Existe alguma magia que parece quebrar algumas barreiras do inconsciente e tocar pessoas em partes que nem elas sabiam que doía, que desejava, que precisava de atenção.
E você consegue imaginar como estaria o mundo sem os momentos de respiro? Sem um escape para processar ou para fugir um pouco de vez em quando? Ficaríamos loucos, a vida crua é indigesta demais.
A arte procura. Explora. Cutuca. Conecta. Encontra novos caminhos de pensamento, caminhos que podem falar de árvores e bolhas e nuvens e amor, e caminhos que podem salvar um pouco os nossos dias.
Afinal, todo problema que parece impossível pode ser resolvido com novas ideias. Que a gente siga buscando, que a gente siga criando novos caminhos, pintando, cantando, dançando, escrevendo. E que a gente encontre quem faça isso ao nosso lado. Te encontro lá.
Com amor,