Imagem: A persistência da memória (1931), do pintor espanhol Salvador Dali. Pintura a óleo.
Acorda, levanta, toma banho, toma café, se arruma, arruma os filhos, trabalha, volta, limpa a casa, vai ao mercado, organiza as contas, responde às mensagens, lava a roupa, lava a louça, se preocupa com o que fazer de almoço, repete repete repete repete.
Em uma rotina corrida, pra onde vai o tempo de sonhar? Onde se encontra tempo para a criatividade?
Eu tenho uma boa e uma má notícia. A má notícia é que não se encontra. A boa é que você pode criar.
Tenho percebido que ser criativo é muito um movimento de intenção. Se a gente espera que a vida nos dê de graça um lampejo de magia, de inspiração, um tempo completamente livre para criar, sinto dizer, mas ela não vai dar. A gente precisa estar atento. Precisa estar buscando. É preciso abrir caminhos até as coisas para que as coisas consigam nos encontrar.
Às vezes basta alguns minutinhos. Coisa boba, de dez minutos que seja. Mesmo um pequeno tempo dedicado a algo criativo, com consistência, nos leva a coisas incríveis. E quanto mais a gente coloca algo na rotina, mais natural a coisa se torna e mais ela nos procura. As palavras são assim.
No ano passado, entrei no grupo de Escrita Matinal. Eu sempre soube que tinha alguma facilidade com as palavras escritas, mas eu não tinha constância alguma na prática. Comprei logo o plano anual, para manter o meu compromisso comigo mesma. Quase todos os dias entro nos encontros ao vivo. 30 minutos por dia.
Nos últimos 6 meses que participei, escrevi pelo menos uma frase todos os dias. Foram duzentos e sete dias escrevendo quase sem perceber.
E agora as minhas palavras me encontram nos momentos mais estranhos. Encontro lavando louça, cozinhando, trabalhando em outras coisas. Sou atingida por ideias, por frases, pensamentos e por outros olhares para as coisas que antes me engoliam na rotina, e agora me transformam.
Eu prometo, você vai conseguir também.
Com amor,