Se você gosta de escrever mas se sente constantemente travado, sem criatividade ou motivação, pode estar em busca de um curso que ofereça dicas e fórmulas que te ajudem a deixar seus textos do jeito que sempre sonhou.
A verdade, no entanto, é que toda teoria só consegue ir até certo ponto, mesmo que existisse uma fórmula mágica (spoiler: não existe). E assumir que a gente domina qualquer técnica é sempre uma armadilha.
“Quando você escreve pouco, pega o que está na superfície. Quando escreve sempre, precisa buscar mais fundo” (Liana Ferraz)
Mesmo os escritores mais experientes precisam que a palavra esteja em constante movimento para que as ideias se renovem e se apresentem, eventualmente, criativas. Eles precisam da fala, do papel, do celular, do bloco de notas, do pensamento, do texto que vai ser riscado, do olhar, da reescrita, da prática, intencional e constante.
E não tem jeito: as melhores histórias aparecem assim.
Então aqui vão algumas ideias para praticar a escrita criativa, sem fórmulas e sem magia, mas daquele jeito que é melhor ainda porque é só seu.
1. Anote seus sonhos assim que acordar
Se tem um tipo de texto que é seu e já vem pronto, é aquele que se desenrola enquanto você dorme. Dizem que quanto mais a gente faz um esforço consciente de lembrar dos nossos sonhos, mais a gente se lembra, com o tempo.
Assim, mantenha um bloco de anotações perto da sua cama e anote seus sonhos assim que acordar: pode ser um texto longo, palavras soltas ou apenas uma frase. Tente ser o mais descritivo possível.
Dessa forma, além de começar o dia escrevendo, você também vai ter uma visão exclusiva das coisas que se passam pela sua cabeça quando sua guarda baixa.
2. Fique perto de pessoas que estejam percorrendo caminhos parecidos
Com absoluta certeza será mais difícil um escritor escrever enquanto seus círculos forem compostos majoritariamente por pessoas não-artistas.
Encontre uma comunidade onde você possa dividir um pouco da sua experiência e ouvir outras perspectivas.
Busque grupos de leitura, cursos de arte, slam, eventos artísticos na sua cidade, oficinas ou um grupo online de escrita criativa.
Aqui no Escrita Matinal, o objetivo é esse: manter a prática na rotina com inspirações guiadas e uma comunidade de pessoas que querem escrever.
3. Ligue seus radares
A gente pensa que, quando estiver se sentindo bem e conectado, vamos finalmente encontrar inspiração no mundo e, aí sim, escrever, mas com mais frequência do que o contrário, a gente precisa fazer alguma força (ou muita) para que as coisas venham até nós com naturalidade e leveza.
Esteja atento às coisas que acontecem ao seu redor e às histórias que ouve ou crie espaços temporais dedicados para isso: por exemplo, você pode planejar uma caminhada de 15 minutos por dia em que você estará intencionalmente reparando nas coisas ao seu redor, anotando no corpo a sensação de estar conectado.
Tudo que a gente vê e ouve com atenção vira bagagem – e mesmo que a gente não use imediatamente o que foi registrado, é certo que irá voltar em algum outro tempo, de alguma outra forma, como fazem os sonhos.
4. Tenha alguns minutos do seu dia dedicados à escrita
Mesmo que sejam usados para encarar uma folha em branco.
Colocar a escrita na rotina exercita uma memória muscular que, com o tempo, passa a vir naturalmente.
Escreva qualquer coisa: sobre o seu dia, uma descrição do que você está vendo, uma carta para alguém, uma nota de objetivos para a semana, seus pensamentos, suas inquietações. E se não souber o que escrever, como disse Andréa del Fuego, escreva repetidamente: “eu não sei o que escrever eu não sei o que escrever eu não sei o que escrever eu não sei o que escrever eu não sei o que escrever”.
Lembre-se que, com o tempo, escrever novas histórias vai ficando progressivamente mais fácil e mais difícil, ao mesmo tempo. Mais fácil porque a escrita já será um hábito, as ideias virão sem precisar fazer tanta força, mas mais difícil (e mais bonito) porque você terá que buscar cada vez mais fundo por novas ideias.
Aqui no Escrita, oferecemos práticas guiadas quatro vezes na semana para ajudar a manter o ritmo e a inspiração fluindo. Você vem?
5. Seja seu próprio crítico, mas não um hater
A curadoria é uma das habilidades menos faladas e mais importantes de qualquer artista.
Saber olhar para o que a gente faz e identificar o que a gente gosta ou não é o que vai dando pistas para os nossos caminhos – e não uma fórmula ou uma promessa que, supostamente, vai funcionar para todo mundo.
Sentir o nosso trabalho é importante. Não sentir na vergonha, na inadequação, na dúvida, mas sentir como quem sabe do que é capaz e sabe o que quer ou não fazer.
Se precisar, guarde seus textos por um tempo. Deixe para revisitar daqui a alguns meses. Gostando deles ou não quando revê-los (se até Carlos Drummond de Andrade se espantava com os dele nos reencontros, quem somos nós…) você irá, no mínimo, perceber o quanto caminhou.
E quando caminhar, porque você vai, depois nos conta?
				
															

